TEMPO DO ADVENTO – SAIBA MAIS

TEMPO DO ADVENTO
Com a celebração do 1° Domingo do Advento iniciamos um novo ano litúrgico. Tempo de
preparar o coração para acolher o Salvador que vem. Tempo de celebrar a alegre expectativa de um mundo novo e transformado. Tempo de renovar a esperança na força transformadora das nossas ações, principalmente quando exercitamos a caridade para com os mais pobres.
«Vem, Senhor Jesus!»

Por: José Neto
A ação salvífica de Deus na história da humanidade é renovada em todos os momentos que praticamos a caridade. Nossas atitudes de acolhimento, atenção e cuidado com os pobres revelam quão próximos estamos do amor divino. Se agimos com indiferença mostramos o abismo que nos distancia da misericórdia do Senhor.
Durante o ano litúrgico revivemos, percorremos e atualizamos os gestos da ternura do Pai, revelada em Jesus, fortalecida pelo Espírito Santo e continuada na comunidade eclesial.
A imagem acima retrata os vários momentos da vivência litúrgica que vão ajudando a mergulhar sempre mais no mistério de Cristo para ressurgir comprometidos com os valores do Reino.
As leituras dominicais são extraídas do evangelho de São Marcos (Ano B). Para o nosso entendimento: Ano A (Mateus), Ano B (Marcos), Ano C (Lucas). Os textos do evangelho de São João são inseridos em alguns domingos no decorrer dos três anos.
O ano litúrgico compreende dois ciclos (Natal e Páscoa) e dois tempos intitulados Tempo Comum. Tudo converge para o ponto mais alto que é a Vigília Pascal.
Nela vivenciamos quatro momentos profundos: Celebração da Luz, Liturgia da Palavra,Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística.
A Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) ensina que: «Neste ciclo anual da celebração dos mistérios de Cristo, a santa Igreja venera com especial amor, e porque unida indissoluvelmente à obra de salvação do seu Filho, a bem-aventurada virgem Maria, Mãe de Deus, em que vê e exalta o mais excelso fruto da redenção, e em quem contempla, como em puríssima imagem, tudo o que ela deseja e espera com alegria ser». (n.103)
O Tempo do Advento é celebrado durante as quatro semanas que antecedem o Natal do Senhor. Entre as várias maneiras de mostrar a simbologia envolvente deste Tempo, podemos mencionar três personagens bíblicos do Advento citados nas celebrações dominicais:
Profeta Isaías – CONVITE À ESPERANÇA.
João Batista – APELO À CONVERSÃO.
Maria – MODELO DE FÉ.
A cor litúrgica do Advento é roxa que recorda a expectativa vigilante e alegre que é a marca de identificação do cristão. No 3º Domingo (Gaudete – Alegria), usa-se a cor rosa.
A cada domingo é acesa uma vela colorida, trazendo também a recordação da chama da fé que precisa estar sempre viva para iluminar as trevas que muitas vezes pairam sobre a humanidade. Somos iluminados por Cristo para nos tornarmos iluminadores na vida de nossos semelhantes. Muitas são as interpretações feitas para o sentido de cada vela. Escolhemos esse entendimento: “Vela da Esperança”, “Vela da Preparação”, “Vela da Alegria”, “Vela do Amor”.
A forma circular da coroa do Advento lembra o amor contínuo e infinito de Deus, sem começo nem fim, recordando assim a imortalidade da alma. Fazendo uso dos recursos que a mãe natureza oferece, a criatividade popular confecciona verdadeiras obras de arte para a decoração dos ambientes: casas, igrejas, praças. Muitas pessoas utilizam cipós colhidos no campo para formar a coroa, e ao entrelaça-los, recordamos a interligação presente entre todas as gerações para a edificação de um mundo mais justo, solidário e fraterno. A coroa é revestida com folhas verdes que manifestam a esperança que jamais pode faltar na vida de qualquer pessoa. Tenhamos sempre na mente e no coração o ensinamento de São Paulo: «a esperança não decepciona». (Rm 5,5)
O Advento constitui-se o tempo por excelência para a construção de pontes que nos unem e não de muros e cercas que nos separam. É um tempo propício para renovar o cuidado com a nossa vida pessoal, com a vida de quem está próximo e amamos, com a vida dos pobres marginalizados e esquecidos, com a vida da Casa Comum que sofre com os efeitos da devastação, do desrespeito e da violência cometidos pela ganância e egoísmo humanos. «A criação inteira geme ainda agora nas dores do parto». (Rm 8,22) Atravessando a turbulência provocada por tantas situações de não vida, por tanta violência perpetrada contra as pessoas, contra a natureza, precisamos resgatar o sentindo de pertença responsável para superar todos os obstáculos. A solidariedade, a compaixão, a misericórdia, o afeto, o acolhimento, a tolerância, o respeito, são valores essenciais para o verdadeiro seguimento do Salvador.
Encontramos no relato bíblico de Lc 10,25-37 uma inspiração para a vivência nesse Tempo do Advento, aprendendo que somente uma comunidade samaritana pode tornar uma sociedade e quiçá a humanidade inteira, também samaritanas. Diante da pergunta “quem é o meu próximo”?, a resposta não pode ser outra: é aquele DE quem eu me aproximo, A quem eu sirvo e COM quem eu caminho.
Advento é tempo de proximidade, pois o Salvador torna-se próximo de todos, mergulha na história da humanidade para redimi-la e conduzi-la ao coração do Pai. É o Verbo divino humanado que vem mostrar a dignidade inerente a cada ser humano, e a partir de então todos estão integrados no mesmo plano de amor do Pai.
Ao assumir a condição humana na humildade e pequenez de uma criança, Deus revela o quanto somos por Ele amados e jamais abandonados. (cf. Jo 1,14; 1Jo 4,8; Sl 94,14)
A nossa preparação neste Advento traz a recordação, entre tantos males que afetam a vida humana e do planeta, a pandemia que tem ceifado vidas diariamente no mundo inteiro. Acolhendo a recomendação do Papa Francisco para rezarmos diariamente, «Vem, Senhor Jesus!», unamo-nos com fé, esperança e caridade a todos quantos estão empenhados e comprometidos com o cuidado da saúde e a defesa da vida. Que Maria, a Virgem da Expectação, anime, sustente, fortaleça a nossa esperança e nos livre de todos os males.
Teresina, 01 de dezembro de 2020