Religioso fala sobre experiência missionária em Moçambique na África

Na cidade de Inhambane, região central de Moçambique, foram realizadas as Santas Missões Populares Redentoristas com o lema: “Reavivai Senhor a nossa fé, para sairmos e anunciarmos o Evangelho”.

Depois de uma longa preparação, mais de 2 anos, uma equipe formada por diversas nacionalidades evangelizaram essas terras no mês passado. Lá o termo Santas Missões não é conhecido nem pelos leigos nem pelo clero local.

Na equipe de Missionários Redentoristas eram 4 brasileiros, 4 argentinos e 1 angolano, ainda formandos, dentre eles um que irá ao noviciado este ano,e ainda irmãs e missionários leigos.

A cidade de Inhambane é encravada em uma bela baía do país e onde está historicamente o marco zero da chegada do português Vasco da Gama em suas buscas pela melhor rota até as Índias, e também palco da última grande resistência por parte dos nativos que aqui moravam.

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Não muito diferente das Santas Missões no Brasil, saímos de casa em casa no anúncio do evangelho e ao encontro daqueles que são os nossos destinatários por excelência: os pobres. Visitamos os doentes, abençoamos as casas e acima de tudo demos um minutinho de nossa atenção para ouvir seus anseios, sonhos e medos.

Em cada casa pudemos encontrar um traço de luta e de resistência em meio a tanta dor e sofrimento. Soava quase como um hino quando perguntávamos: “Você quer rezar pelo quê?” e respondiam “Pela Paz, padre, pela paz”. A fina paz que aqui se vive é a maior sombra que persegue este povo, pois com a guerra sempre vem os exílios, as mortes, separação das famílias, enfim, se destrói o que mais prezam; o seio familiar.

Outro drama do catolicismo moçambicano é o sincretismo que se vive. Os curandeiros e feiticeiros são uma incógnita, o que levam muitos católicos a abandonarem suas crenças ou ficarem na dubiedade. Este problema é sempre levantado em reuniões dos bispos e dos religiosos (casos de padres/religiosos (as) que buscam feitiçaria) em Moçambique, enfim é algo que não podemos compreender tão facilmente e que não está só em meio aos pobres e incultos, mas no traço do próprio povo.

É justamente por este motivo da fé que nosso lema foi: “Reavivai Senhor a nossa fé, para saírmos e anunciarmos o Evangelho” numa clara tentativa de solidificar a catequese muito forte que aqui existe. Em média, são seis anos para receber a Eucaristia e a Crisma. Isso já foi semeado em seus corações.

Uma das mais belas lições que este povo nos concede é a sua imensa crença. O povo Moçambicano é um povo crente, seja qual for sua profissão de fé, eles creem e acolhem o diferente. Tivemos participações em nossas celebrações de evangélicos (uma variedade de igrejas), religiões tradicionais e até mesmo de islâmicos.

As celebrações sempre marcadas pelo jeito festivo moçambicano de celebrar, apesar da rigidez da Igreja local, pudemos celebrar com maior flexibilidade litúrgica. O percurso celebrativo girou em torno do Kerigma cristão e a cada dia dávamos atenção maior aos grupos; crianças, jovens, homens, mulheres, famílias.

No dia 13 de maio, festa da Ascenção do Senhor e Celebração da Virgem de Fátima, encerramos as Santas Missões com uma grande procissão de mais de oito quilômetros. A cada comunidade, os núcleos formados iam se agregando à grande procissão até a comunidade de Santa Cruz de Nhampossa. Nesta grande festa em torno da Palavra e da Eucaristia encerramos a Semana Missionária, mas com a certeza da continuação da missão em cada comunidade e pedindo ao Redentor que sempre reavive nossa fé para sairmos e anunciarmos ao Evangelho.

Diácono Jean Carlos, C.Ss.R
Furacungo, Tete, Moçambique